depressão

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Os quadros depressivos são muito prevalentes na população em geral.Podem ocorrer isoladamente em associação com outras doenças ou ate mesmo em decorrência dessas.
Segundo a Organização mundial de saúde , é estimado que no ano de 2020 os transtornos depressivos serão a segunda maior causa de comprometimento funcional, perdendo apenas para as doenças coronarianas. Sendo assim a depressão vem sendo reconhecida como um problema de saúde publica.

- O que é a Depressão ?
É um estado vivencial de um comprometimento , um esvaziamento afetivo, de perda de energia, do prazer, enfim da motivação de viver.

- O porque desse quadro ?
Há inúmeras explicações para tentar se estabelecer a etiologia da depressão. A neurobiologia apresenta a hipótese monoaminérgica, no qual a diminuição dos neurotransmissores serotonina, noradrenalina, dopamina no sistema nervoso central, resultaria em sintomas depressivos. A psicologia aborda as vivencias psíquicas a qual contribuem para o quadro. Já a genética aborda a vulnerabilidade e predisposição. É importante ressaltar que múltiplos fatores associados, quer seja psicológico, biológico, social entre outros parecem contribuir para o quadro depressivo.

- Estados Depressivos
É importante citarmos alguns estados depressivos afim de maior facilidade de compreensão. Citaremos pelo menos 3 estados
(adaptado de Lyra Bastos *)

- Neurose ou Personalidade Depressiva
Que geralmente não consegui desenvolver uma adequada auto-estima. Essas pessoas podem desenvolver algumas defesas neuróticas (hipocondria, perfeccionismo, obsessão, etc...), o qual não o preenchem totalmente tendendo a depressão.

- Reações depressivas
A pessoa por decorrência de circunstancias da vida, vêem seus mecanismos psicológicos de defesa serem esgotados. Em certas situações da vida em que os problemas e as frustrações parecem se acumular, tornam-se propícios ao surgimento da depressão.

- Depressão Endógena
Como o próprio nome diz, parece não estar totalmente relacionado a fatores externos como frustrações , perda de emprego entre outros estressores psicossociais.E sim a fatores intrínsecos , principalmente neurobiológicos (desequilíbrio quantitativo e funcional de neurotransmissores, predisposição genética e doenças associadas).Esse quadro clinico é composto principalmente por uma diminuição dos afetos, da psicomotricidade e da vontade.O paciente geralmente não tenta convencer o entrevistador de sua infelicidade e seu sofrimento, assim como não tenta atingir e culpar outras pessoas na maioria dos casos.é um estado onde a ansiedade parece não ser o elemento fundamental, diferente dos quadros reativos e neuróticos onde a ansiedade e fator primordial.

Diagnóstico
Nas ultimas décadas surgiram alguns protocolos e manuais, como o da Organização Mundial de Saúde, através da Classificação Internacional de Doenças (CID), E O DA Associação Americana de Psiquiatria com o seu Manual Diagnostico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), o qual contribuem valorosamente para as pesquisas cientificas e para assessorarem os especialistas em seu diagnostico. Entretanto e imprescindível dizer que tais manuais não substituem a experiência clinica. Segue abaixo os critérios para Depressão Maior , tendo como base o DSM 4°edição:

Cinco ou mais sintomas devem estar presentes por no mínimo duas semanas (pelo mesmos o humor depressivo ou anedonia devem estar presentes) :
- Humor depressivo durante a maior parte do dia (queixa subjetiva e observada pelos outros)
- Diminuição intensa do prazer (anedonia) na maioria das atividades diárias.
- Perda de peso ( maior que 5% do peso corpóreo) ou aumento de peso.
- Insônia ou hipersonia – Agitação psicomotora ou lentificação
- Fadiga ou perda de energia
- Sentimento de inferioridade de inutilidade ou de culpa excessiva
- Diminuição da habilidade de concentração, indecisão
- Idéias recorrentes de suicídio.

2) Os sintomas produzem impacto prejudicando o funcionamento social, ocupacional e relacional do individuo.

3) Os sintomas não são ocasionais por uso de drogas ou por outra condição medica.

4) Os sintomas não estão ligados a um evento de vida importante, como perda de um ente querido.

CO-Morbidades com Doenças Medicas Gerais
Antes de iniciar uma terapia medicamentosa, convém investigar a coexistência de distúrbios decorrentes de uso de substancias, medicações, bem como alguma doença que possa estar contribuindo ou originado sintomas depressivos.citaremos alguns:
-Endocrinologia:doença de Addison,Cusching, diabetes,alterações da tireóide e hipófise.
-Nutrição: anemia, deficiência vitamínica
-Reumatologia: artrite, lúpus, fibromialgia
-Alterações Metabólicas: desequilíbrio hidroeletrolitico,encefalopatia hepática, uremia, doença de Wilson, porfiria.
-Cardiologia: Arteriosclerose Cerebral, insuficiência cardíaca,infarto agudo do miocárdio.
- Pneumologia: Asma, doença pulmonar obstrutiva crônica
-Neurologia: Alzheimer e outras demências,esclerose múltipla, hungtinton, miastenias gravis,Parkinson,acidente vascular cerebral, trauma cranioencefálico, epilepsia temporal.
-Oncologia: Tumores Cerebrais, mama, pulmão.
-Gastroenterologia: insuficiência hepática, síndrome do intestino irritável.
-Urologia: Insuficiência renal crônica.
-Toxicologia: Metais pesados

Tratamento
O tratamento para depressão deve ser entendido de globalizada, procurando valorizar e entender os aspectos biológicos,psicológicos e sociais. Não basta apenas tratar os sintomas, é preciso compreender as vivencias afetivas do paciente.

- Psicoterapia: Na grande maioria dos casos, convém ser realizado a intervenção psicoterápica.Independente do método empregado é de grande importância que o paciente consiga:
Compreender seu processo de adoecimento
Melhorar o seu funcionamento afetivo, social e interpessoal
Compreender sua experiência vivida, e seus conflitos psicológicos.

- Farmacoterapia: A abordagem farmacológica e importante na grande maioria dos casos, onde são utilizados as medicações antidepressivas.Entretanto é importante relatar que a escolha da medicação deve seguir alguns parâmetros, entre eles:
O subtipo da depressão
Os efeitos colaterais da medicação
O seu potencial de interação com outras medicações já utilizadas pelo paciente.
Histórico de resposta a tratamentos prévios.
Presença de alterações clinicas.
Alergia ao fármaco.
Tolerância.
Custo.
Risco de Suicídio.
Danos Cognitivos.

Atualmente as classes de medicações mais utilizadas são os antidepressivos tricíclicos, os inibidores da recaptação de serotonina e os de mecanismo chamados duplo(o qual modulam dois neurotransmissores).É de grande importância que a medicação seja prescrita por profissional medico especializado, o qual apresente experiência e manejo clinico nos casos de depressão.

DSM-IV-TR: Depressão Maior:

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4º ed., texto revisado, DSM-IV-TR (Associação Americana de Psiquiatria, 2003) caracteriza o transtorno depressivo maior quando um indivíduo apresenta, durante um período mínimo de 2 semanas, 5 ou mais dos seguintes sintomas: 1) humor deprimido; 2) perda de interesse ou prazer por quase todas as atividades; 3) alterações do apetite ou peso; 4) do sono; 5) da psicomotricidade (lentidão ou agitação); 6) fadiga ou perda de energia; 7) sentimento de inutilidade ou culpa excessiva; 8) dificuldade para pensar, concentrar ou tomar decisões e 9) pensamentos de morte, incluindo ideação suicida, planos ou tentativas de suicídio.
Um dos sintomas humor deprimido e perda de interesse ou prazer por quase todas as atividades cotidianas tem que ser incluído e causar significante aflição ou prejuízo no funcionamento cotidiano. Todos os critérios de Depressão Maior não podem ser resultados de medicamentos, abuso de drogas, doenças (exemplo: anormalidade da tiróide) ou luto complicado.

Fonte:

DSM-IV-TR - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Trad. Cláudia Dornelles; - 4.ed. rev. – Porto Alegre: Artmed, 2002, (p. 880).

*Manual do Exame Psíquico : uma introdução prática à psicopatologia, 2° edição, Rio de Janeiro,2000, p.252.